Bebianno: os tweets que viraram crise
Bebianno e a pedra no sapato do presidente Jair Bolsonaro. Você assiste ou lê tudo nos noticiários, sejam eles pela internet ou mesmo pela televisão. E fica sem entender o que aconteceu. Afinal, são tantos disse e me disse. O que houve? Por que ele foi exonerado? Até que ponto vai a influência dos filhos na presidência de Jair Bolsonaro? E como a rede social está nisso daí? Então, vamos passo a passo para entender toda essa crise que era pra ser interna e passou a ser pública. A primeira e grave crise do governo Bolsonaro. Temos que voltar antes da posse. Antes da eleição.
1 – Bebianno é advogado e se apresentou a Bolsonaro em 2017 e passou a defender o então deputado de graça. Ele foi um dos principais idealizadores da futura campanha presidencial. Você pode acompanhar Bolsonaro há muito tempo. Mas tem gente que conheceu o presidente há pouco. Então, Bebianno tem influência direta na chegada de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto;
2 – Carlos Bolsonaro, filho nº 2 do presidente, e Gustavo Bebianno sempre se estranharam. Desde a campanha. Carlos tirou a Secretaria de Comunicação do governo do guarda-chuva da Secretaria-geral, cargo que seria ocupado por Bebianno. Enquanto isso, o agora ex-ministro teve papel fundamental, para que Carlos Bolsonaro não assumisse a comunicação do governo;
3 – Bebianno se torna uma peça importante dentro da articulação do governo junto ao Congresso Nacional. Seria uma peça-chave para conseguir que projetos importantes para o governo como a Reforma da Previdência e o pacote anti-crime de Sérgio Moro passasse;
Escândalo divulgado
4 – A Folha de São Paulo faz uma série de reportagens sobre candidatos laranjas durante a última eleição. Eles estavam recebendo altas quantias do fundo partidário, mas o resultado na urna era irrelevante. Entre os partidos estava o PSL de Jair Bolsonaro. O caso emblemático foi de Maria de Lourdes Paixão, 68 anos, secretária do PSL e candidata a deputada federal pelo partido. Recebeu 400 mil reais, terceira a que mais recebeu (mais inclusive que o próprio presidente e que Joice Hasselmann, deputada mais votada). Maria de Lourdes recebeu apenas 274 votos e gastou mais de 90% desse dinheiros a três dias da eleição em uma gráfica para imprimir santinhos. Bebianno era o presidente do partido e responsável pelos repasses das verbas;
5 – O vice, Hamilton Mourão, afirma que esse problema de candidaturas laranjas é do partido, não do presidente;
6 – Bebianno fala ao O Globo que conversou com o presidente e que tudo estava resolvido;
Bebianno: o início da queda
7 – Carlos Bolsonaro reage e chama o ministro de mentiroso e o presidente endossa a fala do filho. Isso tudo pelo Twitter. Uma crise interna se torna pública. Tudo pela rede social;
8 – Aliados se assustam com a postura do presidente e do clã Bolsonaro. O Congresso está de olho. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, defende publicamente Gustavo Bebianno;
9 – Enquanto isso, Bebianno e Bivar (presidente do PSL e afastado na época da eleição) começam jogo de empurra e nenhum quer assumir essa questão das candidaturas laranjas;
10 – Bolsonaro se afasta de Bebianno de vez e não aceita nem recebê-lo. Situação que mudou. No encontro, conversa ríspida e vaza que o ministro seria desonerado na segunda (18/02);
11 – Bebianno publica nas redes sociais sobre deslealdade e segundo afirmam, confessa arrependimento sobre apoio a Bolsonaro;
12 – Durante todo o dia 18, a especulação cresce, porque no Diário Oficial, a desoneração de Bebianno não sai. Ela acontece no fim do dia;
13 – Bolsonaro publica um vídeo para tentar acalmar a situação. Clique aqui para ver
Uma crise interna se torna pública, crescem questionamentos sobre o tamanho da influência de Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro no pai e sobre até que ponto querem governar. Fragiliza, a princípio o governo na busca de bandeiras políticas como a reforma da previdência, deixa o Congresso desconfiado com a possibilidade da fritura de qualquer aliado, não importando quem seja (já há boatos que os próximos alvos dos filhos são o vice Mourão e o presidente da Câmera, Rodrigo Maia).
Cenas dos próximos capítulos de uma novela que se passa no Twitter.
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